ESTUDOS

O século urbano
O projeto de arquitetura na metrópole contemporânea
São Paulo
2008
107 páginas

autor: Rafael Neves





Índice
I
1.introdução - as cidade contemporâneas
2.o espaço público nas cidades do século XXI
3.a macrometrópole paulista
II
1.a cidade e seus fragmentos - notas de propostas projetuais
2.a cidade e seus fragmentos - da vila à macrometrópole SP2050









Introdução


Ao imaginar o século XXI é inevitável não vir à mente o aspecto urbano, do desenvolvimento e das grandes descobertas de uma sociedade acostumada a viver unida em grandes densidades, compartilhando o mesmo cotidiano, uma interagindo à outra diante do cenário da grandiloqüência dos fatos e sons da metrópole contemporânea.
Qual é o futuro das cidades para este século. Um milhão de pessoas a mais por semana é o ritmo de crescimento das cidades do mundo. Atualmente é quatrocentos o número de cidades com mais de um milhão de habitantes contra oitenta e seis em meados da década de 1950. Nova York fora o símbolo do século XX, a explosão de uma cidade que reinava quase que a só no planeta; a única praticamente que se podia usar tal expressão: megacidade.
Hoje são vinte e cinco as megacidades mundiais, dois terços delas concentrados em países em desenvolvimento.
A população urbana nesse começo de século superou a população rural. Em menos de duas décadas, segundo a ONU, o percentual da população urbana chegará a 61%. Cidades como Mumbai, Nova Dheli, Lagos, Daca, serão alguns exemplos das grandes cidades terceiro-mundistas carros-chefe do crescimento populacional nas próximas décadas. As cidades tradicionais dos séculos passados nos países desenvolvidos tenderão a uma estabilização do crescimento.
Assim, para entender o século XXI, temos que necessariamente entender o funcionamento dessas grandes manchas urbanizadas cada vez mais complexas, capazes de influenciar um estado, um país, um mundo inteiro.
O intrincado desenvolvimento das cidades hoje cada vez mais passa por sensatos e eficazes planejamentos, não somente urbano, mas em questões essenciais como educação, economia, saúde. O fluxo de pessoas e mercadorias nunca foi tão extremo. O número de viagens entre os países é cada vez mais freqüente. As fronteiras do mundo globalizado estão se esvaindo como areia exposta em vento forte, e as cidades-estado estão à dianteira do processo.
Londres, a cidade berço da Revolução industrial, especializou-se ao longo dos anos sua economia. Ela hoje é considerada o principal centro financeiro global, negociando trilhões de reais ao ano. Do outro lado do mundo, Xangai é a imagem da proeza econômica chinesa, com seus altos índices de crescimento; a metrópole consegue crescer mais que o próprio país.
Um assunto em comum de enorme relevância entre as cidades é a questão do trânsito.
Moscou, Tóquio, Mumbai, Lagos, México, São Paulo entre outras, são alguns exemplos.
A capital russa combate o aumento da quantidade de carros – cerca de quinhentos por dia - sobre sua malha viária, investindo em seu belo metrô, datado de 1935. Até 2014 serão mais vinte e duas estações e linhas novas. A disciplina japonesa em Tóquio reflete em um sistema de transporte público eficiente aliado, ainda, com o alto custo do veículo privado num mercado inflacionado para serviços com estas finalidades. A maior mancha urbana do mundo atende a mais de quarenta milhões de passageiros por dia, ocupando todos os espaços densamente, espremendo-se uns aos outros nas suas pontuais viagens de metrô, trens e ônibus.
Além dos problemas de transporte, as cidades nos países em desenvolvimento possuem questões mais estruturais como a informalidade da ocupação, assim como da economia e, muitas vezes, do próprio Estado, com total ausência de controle e planejamento eficazes. Em Mumbai, cerca de sessenta por cento da população participa de uma economia informal, que por mais aquecida que seja acaba por perpetuar a miséria. Índice semelhante à Cidade do México, marcado também com uma ocupação desenfreada sobre o solo urbano, que acaba por agravar em níveis cada vez mais alarmantes a relação da cidade com a água.
Já Lagos é a síntese da pobreza no seu estado super denso; a cidade se sustenta sem rede de esgoto e limita-se a tratamentos pífios sobre o lixo.  O espaço urbano todo fragmentado se vê envolta de um canal fétido e descontrolado, sempre exposto ao intenso trânsito de pessoas e carros.
Nova York é a antítese do exemplo africano. A cidade viciada em planejamento possui um dos mais eficientes sistemas de transporte público do mundo. A prefeitura nova-iorquina estima que até 2030 mais de um milhão de pessoas se mudem para a cidade. Devido a esse panorama, foi lançado um novo plano de desenvolvimento urbano para os próximos anos, atingindo áreas que vão desde o uso do solo (habitação, áreas verdes etc.) a recursos hídricos, passando por energia, transporte, qualidade do ar e atendo-se também à questão das mudanças climáticas. Dados impressionantes do funcionamento cotidiano do sistema de transportes da metrópole indicam que incríveis 95% das pessoas que entram e saem em Manhattan utilizam o transporte público. Apenas um a cada quatro pessoas possuem carro.  São cinco milhões de usuários por dia que utilizam o metrô - existente antes da década de 1930.
Todas essas cidades, diversas entre elas, caminham juntas para este século XXI com um desafio: a capacidade de reinventar-se sempre que forem exigidas, afinal, elas serão cada vez mais o berço da civilização mundial.
Rafael Neves - página 6-8 - O século urbano, São Paulo SP 2008

SP2050
A cidade e seus fragmentos - da vila à macrometrópole










Abordagem projetual
Macromobilidade
Cidade Linear
Cidade dos fluxos
A megaestrutura - uma proposta para São Paulo














Imagens extraídas das propostas.
Rafael Neves - cap. II SP2050, página 67 - 107, O século urbano, São Paulo SP 2008



A metrópole contemporânea
Requalificação urbana moinho central - museu da cidade
São Paulo
2006
91 páginas


autor: Rafael Neves



Índice
I
1.reformas urbanas contemporâneas
2.cidade contemporânea - lugar/não lugar - dobras em arquitetura
3.a cidade brasileira - são paulo
4.casos de intervenção
II
1.concepção do projeto
2.produtos gráficos - imagens







         Qual é o espaço da metrópole? Os meios de comunicação avançam, comprimindo o espaço em relação ao tempo. A cidade foge aos olhos mais atentos, como num labirinto “kafkiano”. Mistério, angústia, suspense - como que existissem milhões de “Josef K.” rumo a um caminho desconhecido. Desaparece o Estado soberano clássico para surgirem as “cidades-estado”. Onde fica a arquitetura nessa nuvem abstrata da velocidade, num mundo cada vez mais opaco, de tecidos urbanos fraturados, desprovidos de rosto?

         A desorganização espacial do município de São Paulo é evidente aos olhos de seus cidadãos. A falta de espaços públicos, quando não de seus descasos, democráticos capazes de receber uma referida população e de dar às suas aspirações e liberdades é resultado de anos de projetos egocêntricos, sem alguma preocupação ao entorno, ainda mais agravado à exacerbada política rodoviarista promovido por sucessivos governos, privilegiando o individualismo ao coletivo.

         Resultado disso são espaços fragmentados, mal resolvidos, mal dimensionados, invadida por sistemas de vias e acessos, incapazes de dar apoio à circulação de milhares de pedestres que transitam pelas ruas da cidade. São barreiras visuais e físicas a microacessibilidade – uma cidade bonita de ser vista do alto, mas terrível de se conviver na realidade do espaço.

         Esse trabalho tem a intenção de discutir uma nova proposta de implantação utilizando-se de um desenho, um pensamento contemporâneo a uma cidade contemporânea, “uma nova forma de abordagem espacial, aquela que faz conviver o estranhamento e o lugar¹”.

1. ABASCAL, Eunice Helena Sguizzardi, “Cidade e Arquitetura Contemporânea: uma relação necessária”.

Rafael Neves - página 3-4 - A metrópole contemporânea, São Paulo SP 2006