PROJETO INSTITUCIONAL

2º Colocado | Concurso Público para Paço Municipal de Várzea Paulista

Além de abranger o extenso programa da nova sede político-administrativa do município, o projeto para o novo Paço municipal de Várzea Paulista leva em consideração a formação da identidade da cidade e de seu centro. O vazio urbano deixado às margens da ferrovia deixou um vácuo de desenvolvimento e consolidação da malha urbana da cidade. Tanto a linha férrea quanto os vazios, assim como o relevo acidentado da cidade, proporcionou uma fratura do tecido que corta a região do centro.

   Assim, o projeto proposto procura rearticular o desenho urbano, propiciando a plena circulação do pedestre, o domínio público do espaço aberto amplo e genérico, garantindo a liberdade do cidadão. O embasamento configurado é a continuação do tecido urbano do entorno e suporte dos acontecimentos do programa. A camada "porosa" permite as mais diversas apropriações do espaço, seja como circulação ou permanência. Ela procura não se impor ao entorno, mas apropriar-se de seus trajetos e visuais.
   A diferença das cotas da região possibilitou a criação de diferentes paisagens, mutantes em relação ao deslocamento dos habitantes, reforçando a característica anti-monumental do projeto, em favor do móvel, da deriva.
PROGRAMA
   A disposição dos programas parte dos eixos de deslocamentos da urbe. O Mais Fácil, a biblioteca, o auditório, o plenário, os estacionamentos e o teatro se situam na porção mais baixa do lote. A posição estratégica dos serviços do Mais Fácil levou em consideração o alto fluxo de pedestres que sairão da futura estação da CPTM em direção ao complexo do Paço. O pedestre ao atravessar a remodelada avenida Ipiranga, será recepcionado pelo teatro e pelo edifício do executivo, apoiado na base dos programas abaixo. O jogo de cena entre os dois blocos, a robustez do executivo e o bloco posicionado de maneira inclinada do teatro, insinuando um diálogo, proporciona uma perspectiva interessante em direção à praça interna, vendo-se ao fundo, o bloco do legislativo, compondo o conjunto. A biblioteca ocupa a posição central em relação ao edifício executivo acima, e da praça, à frente. O programa da biblioteca se aproveita do vazio deixado pelo pavimento acima, espalhando-se ao redor deste, garantindo mais um ponto de iluminação fundamental ao seu uso. O auditório e a casa dos conselhos foram propostos próximos do plenário, no entroncamento político da praça, onde os olhares convergem ao cubo de vidro do plenário. Essa proximidade dos programas foi baseada na interlocução necessária da democracia, onde sociedade e agentes políticos se observam e dialogam-se. O plenário por sua vez, local das decisões políticas do município, foi projetado para que o cidadão tenha pleno conhecimento de sua localização. Um "rasgo" no piso da praça da avenida Fernão Dias Paes Leme, permite observar o funcionamento do plenário logo abaixo.
   O estacionamento geral do paço é coberto pela praça superior, no nível da avenida. A referida praça possui alguns vazios que permitem a passagem das árvores remanescentes do local e um amplo espelho d'água, marcando a entrada do executivo. No piso da praça, em sua extremidade, a dobra da superfície em direção ao teatro garante ao mesmo tempo uma rampa e uma arquibancada, para espetáculos ao ar livre.
   Propusemos a separação dos poderes executivo e legislativo. Os dois blocos possuem independência, um em relação ao outro, têm suas próprias relações urbanas mas, porém, comunicam-se com a mesma linguagem arquitetônica e o mesmo tecido público em que se inserem. O acesso ao legislativo acontece no hall comum do plenário. O acesso ao executivo, no hall próprio, entre o espelho d'água, um único ponto de contato do executivo no piso em questão, liberando o uso do espaço para o público.
   Internamente, executivo e legislativo possuem pavimentos flexíveis para que possibilite mudanças futuras em seu uso. Divisórias delimitam os espaços para secretarias, salas de reunião e de vereadores. No legislativo, as salas dos vereadores foram dispostas no perímetro do pavimento, reservando o centro para as salas de reunião, divididas pelo vazio central que garante luminosidade natural para ambas as salas. No executivo, foi proposto pontos comuns de sanitários para atender toda a demanda necessária para o funcionamento das secretarias. Próximo aos sanitários, as salas de reuniões. Nos dois núcleos de circulação foi anexado uma copa em cada, assim como uma área para serviços de limpeza. Um único núcleo possui elevadores sociais e, no outro, elevador de serviço, que serve como apoio ao refeitório. Quatro escadas internas procuram otimizar o fluxo interno e minimizar o uso de elevadores. Uma seqüência de rampas leva o usuário do térreo até o primeiro pavimento, para atendimentos pontuais, como protocolos na secretaria de obras.
   Todas as secretarias possuem janelas, garantindo iluminação natural ao longo do dia. Procurou-se otimizar toda a infraestrutura, hidráulica, elétrica, ar condicionado e lógica com a proposta de grandes shafts dispostos entre o núcleo de circulação e as empenas nas extremidades. A estrutura mista, metálica e concreto armado, facilita a construção por etapas, agilizando o processo.







FICHA TÉCNICA
autores
Rafael Neves e Beatriz Martinhão
colaboradores
Gustavo Martinhão e Luana Briene
2012
Concurso público nacional de arquitetura
local: Várzea Paulista-SP

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Sede para Campo Olímpico de Golfe 


O partido adotado pelo projeto se norteou em duas premissas que definiram a implantação e o conceito da relação com o entorno: como receber o público, a massa vindoura própria de um grande evento mundial e como tratá-la, quando do seu acolhimento, com todo o complexo desportivo. O pavilhão apoiado sobre o terreno demarca o horizonte, sem interromper a nuance da paisagem e dos blocos programáticos situados entre as duas grandes empenas de pedra. Os recortes nas empenas abrem-se a inúmeras, possibilidades de perspectivas para o campo, insinuando a escala e o clímax de determinadas jogadas. Procuramos produzir uma simbiose entre arquitetura e natureza, edifício e campo, um complementando o outro.
Dessa maneira, a implantação linear, próxima do limite da área destinada à construção, com os “blocos” edificantes alinhados, independentes e únicos, desfrutam do entorno em todas as suas qualidades além do visual, como o conforto térmico, ao possibilitar uma ventilação cruzada entre os blocos. A estrutura das empenas e da laje nervurada envelopa os blocos, garantindo a unidade e a força do conjunto.  Cada bloco funciona livremente um do outro, cada um com suas necessidades energéticas. Os blocos possuem uma cobertura própria, abaixo da grelha do pavilhão, onde são locados os dispositivos técnicos necessários, e uma camada de jardim que, além de auxiliar na captação de água pluvial, garante um eficiente controle térmico. Abaixo dos blocos, locou-se a área técnica do conjunto. Tudo o que é captado externamente e despejado internamente, passa pelo pavimento, composto por estação de tratamento de esgoto, coleta de lixo, cisternas, áreas para geradores e lógica. Uma rua interna faz a conexão dos diversos equipamentos, dispondo vagas de veículos para prestadores de serviço.
Procuramos manter a paisagem da restinga característica da região. Seu perfil baixo, heterogênio, foi a base do conceito do uso dos materiais do projeto. O material marcado para compor a arquitetura foi a ardósia, um elemento simples, fortemente aplicado no país e facilmente encontrado. De uma forma bruta e rústica a ardósia marca o edifício em meio ao verde.
Para a parte de serviço, a implantação tinha de ser extremamente funcional. O pátio de manobra para os serviços a serem realizados, exigia um eficiente espaço de circulação. O edifício foi locado no perímetro mais próximo da rua, liberando o lote do centro em direção ao campo. Os depósitos, oficina e demais usos que demandam fortemente o uso diário dos maquinários, foram dispostos na porção baixa do relevo. A parte de escritório, do acesso dos funcionários, vestiários e refeitórios, enfim, do intervalo, foi locada na porção mais alta, no mesmo nível do estacionamento de veículos pessoais.

















FICHA TÉCNICA
autores
Rafael Neves e Beatriz Martinhão
colaboradores
Gustavo Martinhão e Marcella Belluzzo
2012
Concurso público nacional para Sede do Campo Olímpico de Golfe
local: Rio de Janeiro - RJ

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Confederação Nacional dos Municípios

"... as grandes contradições do nosso tempo se passam pelo uso do território."

"Para o homem comum, o Mundo, o mundo concreto imediato é a Cidade, sobretudo a Metrópole."

Milton Santos



                Ao projetarmos o edifício-sede da Confederação Nacional dos Municípios nos vieram a mente os mais diversos espaços públicos e elementos significativos das cidades. Seja uma pequena cidade ou uma grande metrópole, as bases constitutivas são as mesmas. A praça, os largos, as ruas de circulação, os bulevares, a circulação pragmática, própria da rotina do trabalho e a amena, própria de um flaneur a viajar pelas vitrines e parques da cidade.

                O edifício assim pensado, ganharia contorno tais da formação da cidade. O ritmo do trabalho, a suavidade da praça, a circulação das calçadas sob as perspectivas dos grandes edifícios, tudo isso está atrelado ao conceito desse edifício representativo dos municípios brasileiros.

                Devido ao tamanho do programa do auditório, salas modulares e outros espaços que dão suporte a estes, além do caráter público aberto para eventuais eventos de terceiros a fim de alugar o local, decidimos tomar este espaço do programa de necessidades como protagonista. Este volume se destaca em relação ao projeto por levar contornos mais robustos e uma presença que consolida uma fronteira entre a praça cívica e o espaço de trabalho. É nesse volume também que se concentra as áreas coletivas próprias dos funcionários, como o refeitório, a sala de descanso além da recepção de todo o conjunto. Da recepção partem as circulações para o foyer, situado no andar superior a este e, para as salas de trabalho, situadas no pavimento inferior. Em vista de otimizar o acesso dos funcionários ao trabalho, propomos uma alternativa para a entrada destes situada no nível das próprias salas, sendo recepcionado por um café com algumas mesas e uma agradável vista para a praça.

                A área de trabalho faz as vezes da quadra de uma cidade. Propomos um espaço aberto num pavimento único que concentraria todas as atividades da confederação. À margem dessas atividades colocadas na lâmina está a faixa de circulação disposta como uma calçada de uma determinada quadra. Esta circulação dá a volta em todo o perímetro, circundando a praça, tomando contato com o complexo e suas perspectivas. A circulação de segurança e de serviço foi disposta na outra extremidade do pavimento, bem no limite do recuo do terreno. As escadas dessa circulação são separadas por panos de vidro ao longo de toda a faixa. Nesse espaço entre a parede de contenção e o pano de vidro forma-se um "vácuo", uma área de ventilação dos pavimentos situados logo abaixo. Pavimentos estes destinado ao estacionamento e a área de apoio.

                A biblioteca é o centro da área de apoio, situada abaixo da praça. Dispomos a cobertura da biblioteca no nível da praça a fim de explorar a iluminação natural indireta adequada para a leitura. Esta cobertura é protegida dos raios solares intensos devido a presença do volume do auditório situado acima.

                Outro volume que ultrapassa essa lâmina da quadra é o das salas de capacitação. Vinculada às áreas de trabalho, o volume ganha autonomia em relação ao espaço aberto do pavimento inferior e ao espaço público do volume do auditório. Apenas uma abertura da elipse dá acesso ao térreo como fator de segurança. Em todo o seu entrono, é protegida pelo extenso espelho d'água implantado na cobertura das salas de trabalho como forma de garantir uma boa sensação térmica para o conjunto, seja internamente, atuando como isolante térmico, seja externamente, garantindo um nível de frescor em relação aos períodos mais secos da capital brasileira.



















FICHA TÉCNICA
arquitetos
Luiz Pimenta e Rafael Neves
2010
Concurso público nacional de arquitetura
local: Brasília-DF



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MAC














FICHA TÉCNICA
arquitetos
Beatriz Martinhão e Rafael Neves
2010
Estudo para um espaço museográfico